JORNAL COMENTADO 148
Terça-feira, 27.08.2013, 7:17
TONY pacheco*
“Entrevista do ministro dos Transportes a
Emmerson José e Alex Ferraz”
(rádio CBN-Salvador)
“ViaBahia terá que acelerar
obras nas estradas”
(jornal “Correio”)
“MP quer suspensão do pedágio
na BR-324”
(“A Tarde”)
Tá vendo a tubulação da Embasa no buraco? Eu tô.
O anel rodoviário de Feira de Santana: uma visão do inferno.
A entrevista do ministro
César Borges, dos Transportes, a Emmerson José e Alex Ferraz na CBN; a matéria do “Correio”
sobre a pressão que o ministro prometeu fazer na concessionária Via Bahia (BRs 116 e 324) para que melhore já as duas rodovias e o anúncio, em “A Tarde”, de que o Ministério Público deixará o berço
esplêndido e exigirá o fim da cobrança do pedágio na BR-324 até que a empresa
privada feche o buraco na altura do Porto Seco Pirajá, mostram que sempre que a
mídia deixa a letargia, a sociedade ganha.
No caso da Bahia, urge que
TVs, rádios, jornais, sites e blogs saiam da inação e denunciem quem está por
trás do travamento do desenvolvimento da Bahia nos últimos 10 anos. Eu tenho
minhas convicções e sei que este travamento só tem duas letrinhas. Mas deixo
aos internautas a tarefa de entender o verdadeiro complô político que há por
trás de, por exemplo, nossa infraestrutura de transportes ser uma das piores do
Brasil.
Vejamos:
METRÔ - O baiano talvez não
saiba, mas já existem metrôs (metropolitanos propriamente ditos ou VLTs ou
sistemas de trens urbanos modernos) em 11 cidades brasileiras. Salvador não
tem.
Em Belém, são 16,6 km de
metrô. Em Belo Horizonte, o metrô tem 28,1 km. Em Brasília, são 42,38 km de
metrô. No Cariri, no interior do Ceará, o VLT local tem 13,9 km com 9 estações.
Em Fortaleza, o metrô tem 62,8 km e em Manaus, 20 km em forma de VLT. Em Porto
Alegre, são 44,5 km de metrô e no Recife, 39,5 km. No Rio, há 40,9 km de metrô
e 225 km de SuperVia (trens urbanos modernos). Em São Paulo, são 74,3 km de
metrô e 261,7 km de trens urbanos modernos e, finalmente, a última, mas a não
menos emblemática Teresina, no paupérrimo Piauí, onde já funciona um metrô de 12,5
km
E Salvador?
Uns dizem que a capital
baiana não tem metrô porque os empresários do NEGÓCIO ÔNIBUS entravam a
implantação como podem. E teriam até tentado transformar a ideia de metrô em
Salvador num BRT com enormes e poluidores ônibus a óleo diesel. Não sei se é
verdade. Prefiro não comentar...
Outros dizem que o PT, como é
poder central em Brasília desde 2003 e a Bahia estava nas mãos do grupo do
falecido senador ACM, então decidiu-se que Salvador não teria um tostão para o
metrô. Será verdade? Não sei. Minha
assessora para assuntos aleatórios, BigLôra, descarta completamente o que ela
chama de “bobagem” e diz: “Óli, seu
Toni, acho isso uma maldade com o PT”.
RODOVIAS – Coincidência ou
não, as duas maiores cidades da Bahia são governadas pelo DEM, o partido mais
nitidamente oposicionista ao PT. Salvador, há quase três meses, pena com
ENGARRAFAMENTOS BRUTAIS em decorrência de um buraco aberto na BR-324 na área
urbana da capital. E o buraco foi aberto por quem? Pela Embasa, a empresa de
água e saneamento do estado governado pelo PT. A Embasa “culpou” a Via Bahia,
que é a empresa privada que administra a estrada. E neste jogo de empurra que já
dura quase três meses, o baiano CONTINUA PAGANDO PEDÁGIO numa via com uma
cratera lunar que provoca engarrafamentos em Salvador e o povo culpa o prefeito ACM
Neto, que é do DEM. Sim, porque aqui em casa mesmo, fiz uma enquete rápida na
hora do almoço, e um professor doutor pensava que o prefeito é que era o
culpado, a secretária do lar também achou a mesma coisa e um amigo da casa
assinou embaixo. Quer dizer, pode ser a tubulação da Embasa, pode ser mezzo
inépcia-lentidão, mezzo maldade da Via Bahia, mas quem leva a má-fama é o
prefeito, pois o POVO NÃO ENTENDE AS FIRULAS da administração pública. Pra ele,
é na cidade, é do prefeito. É fora da cidade, é do governador. É fora do
estado, é da presidente. Então, quem aposta em fazer buracos em Salvador, como “dona
Embasa”, sabe muito bem que ao fazer isso está atingindo a imagem do prefeito. Por
causa disso, inclusive, quando fui "soldado" de um coronel da PM, ao assessorá-lo
na área de comunicação do órgão de trânsito de Salvador, o vi ser afastado do
cargo porque, justamente em plena campanha eleitoral para a reeleição do então
prefeito, “dona Embasa” achou de furar valeta e buraco em toda a capital, transformando
a cidade num inferno. Mas, como para furar buraco a Embasa precisa de uma
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA do município, então o bravo e inteligente coronel resolveu,
como homem que é, peitar o desmando e proibiu o espírito de tatu de “dona
Embasa”. Infelizmente, o prefeito não entendeu a maldade que estavam fazendo
com a imagem dele. Afastou seu competente administrador, se reelegeu, mas
terminou o mandato com um índice de REJEIÇÃO BRUTAL, pois até hoje se vive as consequências
do espírito de toupeira das concessionárias de serviços públicos.
Por outro lado, na Princesa
do Sertão, a pujante Feira de Santana, maior entroncamento rodoviário deste
País, há um anel rodoviário que PASSA O DIA TODO ENGARRAFADO, transformando a
vida dos feirenses numa estação dantesca e, pior, como o anel é justamente a BR-116, a
famosa Rio-Bahia, os caminhoneiros passam num trechinho minúsculo quase uma
hora engarrafados, travando a economia da Bahia e do Brasil. A Via Bahia nem
pensa em duplicar (deveria, pelo volume de tráfego, TRIPLICAR, na verdade) o
anel. O bravo governador diz que nem é com ele, afinal, a gente fica pensando,
em que estado ele pensa que fica o Anel Rodoviário de Feira de Santana? Rio?
São Paulo? Tocantins? E mais, o anel é um inferno COM PLUS: A VIA TODA É
ESBURACADÍSSIMA, CHEIA DE SINALEIRAS E QUEBRA-MOLAS. Uma visão do inferno, MESMO. E em
quem põem a culpa? No pobre do prefeito
do DEM, que sequer tem poder pra meter uma borra de asfalto no anel, pois é via
federal cedida com grande amor por Brasília para uma empresa privada.
Cansei e por aqui eu vou ficando.
Inté manhã!
* tonyPacheco é jornalista e radialista profissional registrado no Ministério do Trabalho e formado pela UFBA. Também estudou Economia na UFJF e Psicanálise na SPOB.
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