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Em março de 1906, o semanário
anarquista editado em Paris, L’Anarchie, publicou um manifesto antieleitoral
escrito por Albert Libertad, jovem anarquista de 31 anos, intitulado O
criminoso é o eleitor. O manifesto sobreviveu a mais de cem anos de prática eleitoral
conservando o mesmo frescor e a mesma vivacidade. É sem dúvida uma das joias da
experiência anarquista. Em meio à lama eleitoral, lê-lo ajuda-nos manter a
saúde!
O criminoso é o eleitor
Albert Libertad
És tu o criminoso, ó Povo, por que és tu o Soberano. És, é
verdade, o criminoso inconsciente e ingênuo. Votas e não vês que tu és a
própria vítima.
Entretanto, ainda não sofrestes suficiente para ver que os
deputados, prometendo defender-te, como todos os governos do mundo presente e
passado, são mentirosos e impotentes? O sabes e ainda assim te lamentas! Sabes
e os elege! Os governos, quaisquer que sejam, trabalharam, trabalham e
trabalharão por seus próprios interesses, da sua casta e corporação.
Onde foi e como poderia ser diferente? Os governados são
subalternos e explorados: conheces quem não o seja? Quanto mais recusas a
responsabilidade de produzir e viver a teu modo, tanto mais suportarás, por
medo, e forjarás tu mesmo, por crença na autoridade, chefes e diretores; saibas
também que teus delegados e mestres viverão do teu trabalho e da tua
imbecilidade.
Tu te lamentas de tudo! Mas, não és tu mesmo o autor das mil
chagas que te devoram?
Lamentas da polícia, do exército, da justiça, das
delegacias, das prisões, das câmaras, das leis, dos ministros, do governo, dos
financistas, dos especuladores, dos funcionários, dos patrões, dos padres, dos
proprietários, dos salários, do desemprego, do parlamento, dos impostos, dos
fiscais, dos locadores, da carestia dos víveres, da terra e dos aluguéis, das
longas jornadas na fábrica e na indústria, da magra ração, das privações sem
número e da massa infinita das desigualdades sociais.
Lamentas, mas queres a manutenção do sistema em que vegetas.
Às vezes te revoltas, mas apenas para sempre recomeçar. És tu que tudo produz,
que trabalha e semeia, que forja e tece, que amassa o trigo e transforma, que
constrói e fabrica, que alimenta e fecunda!
Porque então não consomes segundo tuas necessidades? Porque
tu és mal vestido, mal alimentado, mal abrigado? Por que é o sem pão, o descalço, o
sem teto? Porque não és teu próprio mestre? Porque te curvas, obedeces, serves?
Porque és o inferior, o humilde, o ofendido, o servidor, o escravo?
“Le criminel c’est l’électeur”, disponível em: http://fr.wikisource.org/wiki/ Le_Criminel_c%E2%80%99est_l%E2% 80%99%C3%A9lecteur. Consultado em set/2012. Tradução de Nildo Avelino.
QUERO DESEJAR UM EXCELENTE TRABALHO PARA O BLOG. GOSTEI MUITO DA POSTAGEM ACIMA.ACREDITO PIAMENTE QUE SEJA QUAL FOR O CAMINHO LIBERTÁRIO, COM CERTEZA, PASSARÁ PELA LIVRE EXPRESSÃO, PELA AUTONOMIA, PELA LIBERDADE, PELA GARANTIA DAS SUBJETIVIDADES, PELA ALIMENTAÇÃO DO CORPO E DA ALMA, PELO PRAZER DE CRIAR E DE SER, E DE SE EXERCER...EIS O SENTIDO...PARA MIM...AINDA QUE TENHAMOS MUITAS E MUITAS CONTRADIÇÕES...
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