Alex Ferraz
Isto é uma cretinice que fere os sentimentos mais primários de qualquer ser humano, mas, no Brasil, está passando batido. Pelo contrário, embora condenados em todas as instâncias e pela opinião pública brasileira e mundial, os executivos das duas empresas envolvidas em várias mortes no rompimento da barragem há mais de um ano no interior de Minas Gerais continuam sendo ouvidos como pessoas que não têm nada a ver com o crime ambiental que acabou matando vários cidadãos.
Já disse e repito: os executivos da Samarco e Vale do Rio Doce deveriam estar na cadeia e não soltos e conversando com Temer e ministros sobre o crime que cometeram. A ex-presidente Dilma fez a mesma coisa: consideração máxima com os responsáveis por Mariana e nenhuma com as vítimas – os mortos, os desabrigados e o meio ambiente. Os executivos já foram multados e jamais pagaram um centavo. Assim como não querem pagar indenizações às famílias vitimadas por um dos maiores desastres ecológicos do mundo. Se o Brasil fosse um país minimamente sério, estariam atrás das grades. E ponto final.
ISSO DANTES NÃO ERA ASSIM! A SERVIDÃO DA UNE A QUEM LHE DEU DINHEIRO A FUNDO PERDIDO
Sempre abordei nesta coluna, desde o primeiro governo de Lula, a mudez dos movimentos estudantis, de resto afunilados na UNE, em relação aos desmandos do governo, à corrupção desenfreada etc. Silêncio mortal de uma UNE que recebeu nada menos que R$ 50 milhões de Lula para reconstruir o prédio do Rio (destruído durante a maldita ditadura militar), mas cujas obras não passaram de um ensaio. Enfim, a UNE foi claramente cooptada, assim como outros movimentos sociais, e colocada a serviço do partido no poder. Foi um silêncio que durou mais de uma década, mesmo diante do descalabro que reinou e reina na educação pública brasileira, para não falar em outros aspectos da vida política nacional, solenemente ignorados.
Não era assim, antes. Participei ativamente do movimento estudantil desde os meus 15 anos, inclusive no PCdoB e no movimento O Inimigo do Rei, e sei que íamos para as ruas protestar contra tudo que deveria merecer protesto por parte de pessoas conscientes.
Hoje, meia dúzia de estudantes seguem ESTRITAMENTE as ordens do PT et caterva (os partidos ditos de esquerda associados, todos na ânsia de ganhar cada vez mais DINHEIRO e posando de esquerda socialista), fazendo ocupações em escolas, teoricamente contra esta ou aquela medida do governo, mas implicitamente contra o governo Temer, e só.
ESTRATÉGIA ERRADA
Na última sexta-feira, tive a oportunidade de observar de perto um trágico exemplo da manipulação dos estudantes, resultado de uma estratégica burguesa, autoritária, enfim, totalmente errada.
Meia dúzia de alunos do IFBA (antiga Escola Técnica Federal) fecharam totalmente a via que liga o Barbalho à Soledade e Lapinha. Das 13h20 às 17h, não passava nada. Uma gigantesca fila de ônibus, todos com motores desligados, se formou, sacrificando o ir e vir de centenas, talvez milhares, de pessoas de classe média baixa a pobres.
A imbecilidade (ou seria crueldade?) dos obtusos que promoveram tal manifestação ficou explícita na reação das pessoas, repito que remediadas ou pobres, que, saltando dos ônibus e indo a pé para casa, às vezes andando até três quilômetros, resmungavam impropérios contra aqueles que, suponho, estariam querendo angariar simpatia popular para um protesto legítimo.
Por trás desses estudantes manipulados por quem já ganhou muito dinheiro do PT na UNE e congêneres, está uma linha de ação otária, que em nada vai dar.
Não nego, jamais, que o governo Temer, assim como os de Lula, Dilma e coisa e tal, merecem, e muito, o brado das ruas.
Mas sem a manipulação cretina e explícita que temos visto. Ai, ai...
DESORDEM DE NOVO...
As voltas e voltas que o MEC e o instituto encarregado de executar as provas do Enem deram, neste fim de semana, são de assustar qualquer um que tenha um mínimo de apego à organização. Informações controversas, proibição e liberação de locais em questão de horas, um inferno que aterrorizou boa parte dos candidatos. Mesmo considerando as ocupações de escolas, deveria haver um mínimo de ordem, senhores!
* publicado por Tony Pacheco a pedido de Alex Ferraz.
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