JORNAL COMENTADO 145
Quinta-feira - 7:01 –
22.08.2013
tonY PACHEco*
"Rodovia Rio-Bahia não será duplicada é nunca"
(manchete que poderia ser de todos os jornais, TVs e rádios da Bahia e do Brasil)
O motorista que vai de
Salvador a Feira e vice-versa, pensa que o problema com a concessão das BRs 324
e 116 à empresa privada Via Bahia se dá apenas naquele BURACÃO perto do
Porto Seco Pirajá, que está desde 5 de junho de 2013 aberto, ficou de ser
fechado até 31 de julho e, hoje, 22 de agosto de 2013, continua lá, IMPÁVIDO
COLOSSO.
Parece que só o Grupo Metrópole, de Mário Kértèsz, sabe fazer verdadeiro jornalismo. Parabéns ao grupo e ao artista da charge!
O buraco é mais embaixo, é
mais de todo lado. Depois de rodar, durante 17 dias por 3.338 km, entre a Bahia
e Minas Gerais, por rodovias federais, o que equivaleria a percorrer toda a
Europa, de Norte a Sul, da Itália até a Suécia, vemos que o MARASMO ECONÔMICO
em que o Brasil vive há séculos é causado pela sua infraestrutura ridícula.
A Via Bahia, que tem a
concessão, POR 25 ANOS (imagine!), das BRs 324 (Salvador-Feira) e BR-116
(Rio-Bahia de Feira até Divisa Alegre, na divisa com Minas Gerais), apesar de
estar HÁ 4 ANOS no comando das rodovias, só fez, até agora, de relevante, as
suas praças de pedágios, onde cobra pra você passar com seu automóvel, caminhão
ou ônibus e só encontra asfalto de real qualidade justamente 200 metros antes e
depois das próprias praças de pedágios.
A DUPLICAÇÃO da BR-116 e a
triplicação da BR-324, que seriam os serviços que todos os usuários das duas
vias precisam, NÃO TEM DATA CERTA pra ocorrer, pois o contrato de concessão não estipula
datas e mesmo que estipulasse, sabemos que não seriam observadas, haja visto o
que ocorreu com as obras de infraestrutura nas cidades-sedes da Copa das
Confederações, como Salvador, ONDE NÃO FOI FEITO NADA DE RELEVANTE para a população
soteropolitana e ainda conseguiram construir um “viadutinho” de m... que
TRINCOU antes de ser aberto. Um espanto da engenharia baiana!
VEJA O RELATÓRIO SINTÉTICO DE
VIAGEM:
No quesito ACOSTAMENTO, item
importantíssimo de segurança em qualquer rodovia, pois é onde se refugiam do
trânsito pesado os veículos avariados e onde se dá socorro imediato aos
acidentados, pode-se dizer que CONTINUA QUASE DO MESMO JEITO em que estava
antes de outubro de 2009. Há trechos, por exemplo, como entre Conquista e
Jequié, onde o acostamento é de alguns centímetros de terra logo seguidos de
barrancos dos dois lados. Qualquer acidente nestes trechos é tragédia na certa.
Entre Jaguaquara e Irajuba,
por mais de 30 km, o asfalto é uma porcaria, cheio de protuberâncias e outras
imperfeições, como acontece também entre a divisa com Minas Gerais e Vitória da
Conquista. Mas muito ruim mesmo está o trecho entre Argoim e Santo Estêvão, por
quase 40 km. Sem falar da BURAQUEIRA infernal entre Santo Estêvão e o Anel
Rodoviário de Feira de Santana, trecho de vários quilômetros que já deveria ter
sido TRIPLICADO, mas ainda não foi nem duplicado, o que significa
ENGARRAFAMENTO em rodovia federal. Um espanto!
DESLOCANDO A CIDADE PARA O
ANEL
Aliás, uma digressão: por que
será que o Brasil é um país que faz anel rodoviário para tirar o trânsito rodoviário pesado de suas cidades e, depois, DESLOCA A CIDADE PARA O ENTORNO
DO ANEL CONSTRUÍDO? Vamos dar um exemplo para o internauta não acostumado com o
assunto. Em Vitória da Conquista, todo o tráfego de caminhões passava dentro da
cidade desde a época do ex-presidente João Goulart. Aí, se teve a ideia de construir o Anel Rodoviário na BR-116, passando
bem longe do centro de Conquista e, assim, aumentando a velocidade e a segurança
no deslocamento entre Nordeste e Sul do Brasil. Lindo, não?
NÃO!!!
Inaugurado o Anel em 2002,
desde cedo começou a OCUPAÇÃO das margens, pois o então DNER, hoje em dia DNIT,
não se preocupou, nem em Conquista nem em qualquer outra cidade brasileira, em PRESERVAR UMA ÁREA DE AFASTAMENTO DE CONSTRUÇÕES URBANAS no entorno do anel
rodoviário. Então, começaram a surgir bairros populares bem na beira da estrada
e, hoje, já há até sinaleira na rodovia federal. Um escândalo!
Aliás, escândalo maior é o
Anel de Contorno de Feira de Santana, com várias e várias sinaleiras,
cruzamentos com avenidas de altíssimo fluxo de veículos e pedestres etc. e
tal. E tudo por que? No final dos anos 1960, quando foi construído, o desenho
do Anel de Feira foi estabelecido muito próximo da mancha urbana e, com isso, a
via de aproximadamente 20 km, tornou-se POLO DE ATRAÇÃO de residências e
empresas. Não deu outra. Hoje, é a parte MAIS ENGARRAFADA da BR-116,
rivalizando com alguns trechos da Via Dutra, que liga São Paulo e Rio. Só que
no trecho sudestino, são várias faixas de rolamento e o asfalto é de Primeiro Mundo, e no Anel de Feira, é só mão e contramão e o asfalto
é de Último Mundo, com uma BURAQUEIRA INFERNAL, quebra-molas etc. e tal.
E tem solução? Claro. Ao se
instalar um anel rodoviário, deve-se estabelecer uma ÁREA “NON AEDIFICANDI” que
não permita em nenhum momento que o dinheiro público investido na obra escoe
pelo ralo da irresponsabilidade. Hoje em dia, nos trechos dos anéis de
Conquista e Feira, o que se vê é que o dinheiro público usado foi jogado no
lixo, pois, no primeiro, o caos está próximo e no segundo, o caos está
instalado, com trânsito na rodovia à velocidade de 5 km por hora, ou menos.
TRECHO AINDA NAS MÃOS DO DNIT
E se de Salvador até Divisa
Alegre, na divisa com Minas Gerais, os 632 km administrados pela Via Bahia variam
de péssimos e ruins até razoáveis e bons (não há trechos ótimos, pois a
DUPLICAÇÃO, que é o que se precisa para A MAIOR RODOVIA ASFALTADA DO BRASIL), de Divisa Alegre até Além Paraíba, na divisa
Minas-estado do Rio, a coisa pega na altura do km 665, entre os municípios de
Fervedouro e Miradouro. Pedreira de um
lado e precipício de outro, neste trecho, há 10 anos mais ou menos, se formaram
DEGRAUS na pista. Sim, degraus! O trânsito só pode ser feito em meia-embreagem
por caminhões, ônibus e automóveis. Não há acostamento e há terra por todo
lado, o que em dias de chuva se torna um rio de lama.
É patético ver engarrafamento na maior rodovia asfaltada do Brasil bem no meio do NADA.
O Departamento Nacional
de Infraestrutura Terrestre – DNIT, ligado ao Ministério dos Transportes ("helo!", César Borges!), não
vê porque não tem olhos de ver. Igual à grande mídia brasileira (TVs, rádios,
jornais e revistas), que teria o dever sagrado de INVENTARIAR estes gargalos da
infraestrutura nacional que têm atravancado nosso desenvolvimento e que, no
entanto, se faz de surda, cega e muda, levada sabe-se lá por quais
interesses...
A única vantagem do trecho
mineiro da Rio-Bahia é que o movimento é menor, principalmente de Teófilo Otoni
até a divisa com a Bahia, pois o grosso dos caminhoneiros entra na BR-116 a
partir do entroncamento que leva até Montes Claros, Belo Horizonte e da capital
mineira, pela Rodovia Fernão Dias, até São Paulo, de onde provém os comboios de
caminhões que infernizam o trecho baiano da via, justamente o trecho onde a
DUPLICAÇÃO FAZ MAIS FALTA e onde ela parece que nunca vai acontecer.
"O MINISTÉRIO NACIONAL DAS ESTRADAS ADVERTE: TRABALHAR GERA MULTAS"
(inscrição no veículo de um caminhoneiro gozador da paranaense cidade de Dois Vizinhos, flagrado na BR-116 da Via Bahia no dia 20.08.2013, entre Itatim e Argoim, já prevendo o que a Via Bahia vai fazer nos próximos dias - encher a rodovia pedagiada de radares pra extorquir os motoristas)
Grupo Metrópole também acerta no bom jornalismo no caso da buraqueira em Salvador.
“Bahia goleia o Fla e já é
vice-líder”
(“Tribuna da Bahia” de
primeiro de agosto de 2013)
Não, não estou ficando
maluco. É que resolvi pegar a manchete principal da “Tribuna” da véspera da
minha viagem de 3.338 km por rodovias federais baianas e mineiras, para
exemplificar o que vou dizer agora: NADA MUDOU EM SALVADOR nos últimos 22 dias
e, sendo mais exato, nos últimos 7 meses e 22 dias...
1.
BURACO NA BR-324 –
quando saí pelas estradas, o “buracão” da Via Bahia em Porto Seco Pirajá tinha
acabado de estourar seu prazo de fechamento no dia 31 de julho e, agora, ao
retornar, vejo que NÃO HÁ PRAZO MAIS PARA O FECHAMENTO. Acostumem-se, pois, os
baianos, com mais uma obra de metrô, aquela que nunca fica pronta nem tem prazo
pra ficar. Como diz minha amiga BigLôra, “é ótimo governar baiano. A gente se
acostuma com tudo, desde que tenha um sambão no domingo...”
2.
DESABAMENTO NA
AV. CONTORNO – Ontem, a rua foi novamente interditada ali perto da Marina. Parece
que, agora, o padrão será este: dia de chuva forte, VÁ PROCURAR OUTRO CAMINHO E
ESQUEÇA A CONTORNO. É mais uma obra da nova administração.
3.
BURAQUEIRA GENERALIZADA VIRA BURAQUEIRA
INFERNAL – Ao que parece, os motoristas baianos, embora paguem IPVA, multas
diárias, CIDE e o escambau, não estão se importando de ter que trocar pneus e
peças da suspensão dos seus veículos, pois, no oitavo mês da nova
administração, a BURAQUEIRA NAS RUAS CONTINUA A MESMA. Aliás, pelo menos aqui
no Boulevard Suisso (sic) e outras ruas do Jardim Bahiano, PIOROU nos últimos
22 dias... A BigLôra tá certa, “baiano é assim..., descansado, seu Tony”, diz a
mim entre um gole e outro de cerveja Glacial, pois ela é do povo e não nega.
4.
LADEIRA DO CACAU –
A importantíssima e abandonada ligação entre o Largo do Tanque e o superpopuloso bairro de São
Caetano, continua lá, FECHADINHA DA SILVA. Oito meses de nova administração
ainda não foram suficientes para consertar a ladeira. Quem sabe, quando aquilo
tudo desabar em cima da favela da Rua Engenheiro Austricliano,
a obra seja feita. Ou, quem sabe, em janeiro de 2017...
5.
VIAS E PASSEIOS
DO ENTORNO DA FONTE NOVA – Como prevíamos, estamos há apenas NOVE MESES dos
jogos da Copa do Mundo 2014 e os passeios e ruas do entorno da Itaipava Arena
Fonte Nova continuam esburacados, feios e TOSCOS. Inclusive a Rua Professora
Anfrísia Santiago, que dá acesso a nada mais nada menos que aos CONVIDADOS VIPs
da antiga Tribuna de Honra. Este nosso Governo do Estado só é melhor que a
Prefeitura do Salvador no quesito obras públicas. Aliás, melhor não: igual.
6.
ENGARRAFAMENTOS –
Aumentaram. Aumentaram. E aumentaram. O aumento, parece, é diário. A única
novidade é que li hoje no “Correio” que carro que transporta uma só pessoa é “COISA
DO DIABO”, segundo o secretário que deveria solucionar o problema, mas que
prefere colocar a culpa EM QUEM PAGA OS IMPOSTOS QUE PAGAM O SALÁRIO DELE. É
como dizia a moçada no antigo Orkut (tô saudosista hoje...): “A CULPA É MINHA,
PONHO EM QUEM EU QUISER”.
7.
CARGA E DESCARGA –
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Depois do riso, nas últimas 48
horas, vi caminhão entrando e saindo de tudo quanto é rua, parando em qualquer
lugar a qualquer hora. Pelo visto, a principal causa dos engarrafamentos
continua SUB JUDICE e INTOCÁVEL. Ou tenho que ter visão de raio X pra enxergar outra
realidade?
* tony Pacheco é jornalista-radialista profissional formado pela UFBA e inscrito no Ministério do Trabalho em ambas as profissões.