Ricardo Líper
Da série:
quase um resumo.
Todo o pensamento de Foucault visa mostrar que aquilo que dizem os
médicos, cientistas, filósofos são invenções teóricas, chamadas por ele de
discursos. Os discursos terminam por dominar e perseguir os semelhantes, os
escravizando. Por isso ele começou com
A
História da Loucura e depois
As
Palavras e as Coisas. Mostrou que as palavras distorcem as coisas porque se
organizam a partir de epistemes, ou seja, paradigmas, como também detectou Thomas
Kuhn nas ciências exatas. As epistemes são normas
a priori para se conhecer. E essas normas são diferentes em cada
época e, às vezes, não percebidas imediatamente por quem quem as exerce. E outra
coisa importante é que elas não têm nem continuidade nem progresso. Existem
apenas rupturas e mutações em cada episteme em cada época. Viseiras e
equívocos, portanto, em cada época e local. O constante é a dominação do homem
pelo homem por discursos. Ou seja, o muito falar sobre a vida dos outros se
dizendo cientista. Quer dizer um
a priori dando o poder ao dono da
verdade. Neste caso são os cientistas, principalmente, das ciências humanas.
Portanto, quando as coisas entram em um discurso a finalidade é exercer o poder
sobre elas. E o mesmo ocorre quando as pessoas são transformadas em coisas
para, entrando em um discurso, serem dominadas e excluídas. E Foucault foi, de curso
em curso, livros em livros, mostrando como, principalmente as ciências humanas
surgiram e criaram discursos, em um saber-poder no decorrer da história. A
comparação histórica dos equívocos dos discursos é o que denuncia as tolices
que disseram. A estratégia política é quando se coloca um comportamento humano
como objeto de pesquisa visando criar uma “verdade” por outro para dominá-lo. E detonando
sua subjetividade e colocando nela a criada pelos médicos e excluí-lo no
hospício ou em uma cadeia e, depois de morto, no inferno. E Foucault deu a
solução com o conceito de o cuidado de si, que quer dizer se autogerir. E assim
veio buscar inicialmente essa liberdade nos estoicos e depois nos cínicos. Eles foram importantes porque criavam suas verdades e recusavam a dos que queriam
dominá-los pelos discursos, se imaginando serem os supostos donos da verdade, pelas ciências
sociais e as que se dizem humanas etc.